segunda-feira, 15 de abril de 2013

MUITO BEM. NAZARÉ DO DORIVAL

MUITO BEM. NAZARÉ DO DORIVAL...

           A parentada toda estava reunida, e olha que uma família bem numerosa, tinha por costume ir passar as férias no interior de Peixe Boi, pacata cidadezinha do Pará.
          Todos faziam uma das primeiras paradas; dentre as casas dos vários parentes, em casa da bondosa tia Nazaré, casada com o Tio Dorival, um do seis filhos de Izaías e Izabel de Jesus.
          Ocorre que naquela ocasião, a tia Círia, mãe da tia Nazaré, já estava então, com seu quase centenário, e já não contava mais aquelas estórias de visagens, assombrações, adivinhações e sabedorias. Ao contrário, ela vivia a caducar.
          Nessa caduquice ela passava horas na rede embalando-se e cantarolando repetitivamente! "Nazaré, Nazaré, Nazaré do Dorival... Nazaré, Nazaré, Nazaré do Dorival... "
          Até mesmo, para a criançada, que a princípio ria-se daquilo, tornava-se cansativo, mesmo enjoativo aos ouvidos aquela mesma cantoria."Nazaré, Nazaré, Nazaré do Dorival... Nazaré, Nazaré, Nazaré do Dorival... "
          O Maninho, como era chamado o irmão caçula, de nome José Augusto, o qual veio após as cinco Marias. Não conteve-se e peguntou:
          _ Por que ela não pára de repetir isso "Nazaré, Nazaré, Nazaré do Dorival... Nazaré, Nazaré, Nazaré do Dorival..."?
          E o tio Dorival, todo sisudo, afinal ele era uma figura importante da sociedade local, pois exercia a função de  "Delegado Comissionado" daquela cidadezinha, respondeu:
          _ Lógico ora, ela está certíssima. Ela deve dizer que a Nazaré é do Dorival. Já pensou se ela diz que a Nazaré é de outro homem como é que ficaria então a reputação do Delegado?!
          Outro primo, não menos hilário, parece-me que era o Régis da Nete, emendou:
          _ Muito bem. Nazaré do Dorival...
          Imaginem vocês o alto coro de gargalhadas que se ouviu, afinal quando comecei a contar esse "causo" para vocês, fiz questão de dizer o quão numerosa é esta família.
          E até hoje - passando de geração a geração - quando algum deles escuta a frase contendo a sentença: Muito bem! Não há como não remeter ao ocorrido naquele cômico dia, e é impossível não emendá-la...
          _ MUITO BEM. NAZARÉ DO DORIVAL.

Madalena de Jesus

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