sexta-feira, 29 de março de 2013

POR QUE A TRADIÇÃO DO LAVA PÉS?

POR QUE A TRADIÇÃO DO LAVA-PÉS?

Na quaresma o que a igreja propõe é que vivamos esse tempo fazendo o mesmo "caminho" que Jesus fez, para chegar à Ressurreição. Segui-Lo em seus passos significa arrependimento e conversão. Nesse período é nos proposto que voltemos nosso olhar mais intensamente no sentido de mais oração, mais caridade e mais jejum, em prol do bem de toda a humanidade. 

Esta conversão, num mundo que nos propõe todas as facilidades para viver globalmente o individualismo, é um verdadeiro exercício para levar-nos à passagem (Páscoa) de uma vida centrada sobre o nosso egoísmo para uma doação solidária, com os muitos irmãos marginalizados
em nossa sociedade.

Jesus ao percorrer o caminho da cruz não pensa nele, nas suas dores, mas nas dores de tantos crucificados como Ele, que buscam a Ressurreição. A cruz é sinal de conversão, mudança, transformação para a conquista de uma vida com mais dignidade.

Evidentemente, o anúncio cristão não pára na cruz. No meio de nós está presente Jesus, o Ressuscitado, o Deus vivo. Antes de tomar o caminho da cruz, Jesus nos apresenta uma proposta de vida, que é um programa de conversão: o lava-pés.

O lava-pés traduz toda a vida de Jesus: O Amor. "Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 13, 1) ou seja até as últimas conseqüências do gesto de amar, isto é, até a cruz: "Tudo está realizado" (Jo 19,30).

Vamos acompanhar os gestos praticados por Jesus no lava-pés (Jo 13, 4-11). Aconteceu em uma refeição. Estar ao redor de uma mesa é sentar-se e partilhar as alegrias, as angústias, as emoções, e também partilhar a ceia.

Jesus levantou-se da mesa. Com isso quer nos dizer que é preciso sair do nosso egoísmo, mobilizar-se, ir ao encontro dos outros.

Tirou o manto. Jesus se esvazia de si mesmo e coloca-se na condição de servo. Ele nos ensina sobre a necessidade de despojar-se de tudo o que divide, dos fechamentos, das barreiras, dos medos, das inseguranças, que nos bloqueiam na prática do bem.

Pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Jesus põe o avental para servir. "Aquele que era de condição divina, humilhou-se a si mesmo" (Fl 2, 6-8). Ele nos propõe o servir na disponibilidade, e na generosidade, e ainda o comprometer-se com os mais necessitados e colocar-se em último lugar.

Colocou água na bacia. Jesus usa instrumentos da cultura do povo: água e bacia. Repete um gesto que era feito pelos escravos ou pelas mulheres. Ele quer nos dizer que para anunciar sua proposta é preciso entender, conhecer, assumir o que o povo vive, sofre, sonha...

E começou a lavar os pés dos discípulos. Para lavar os pés Jesus se inclina, olha, percebe e acolhe a reação de cada discípulo. Com o lavar os pés, Jesus nos ensina a acolher os outros com alegria, sem discriminações, a escutar com paciência, a partilhar os nossos dons...

Enxugando com a toalha que tinha na cintura. Jesus enxuga os pés calejados, rudes e descalços de seus discípulos. São muitos os gestos que Jesus nos convida a praticar para amenizar os calos das dores de tantos irmãos: visita a doentes e idosos, organizar-se para atender crianças de rua, uma palavra de ânimo a aidéticos, valorização de nossos irmãos indígenas, etc.

São tantas as ações voltadas para o bem, escolha-as, pratique-as, faça a experiência da passagem do homem velho para o homem novo e uma abençoada e Feliz Páscoa!

Madalena de Jesus

(Baseada na Catequese Católica dos Arautos do Evangelho)

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